O Dia Nacional da Homeopatia foi oficialmente instituído em homenagem à data de chegada ao Brasil do homeopata francês Dr. Benoît Jules Müre (1809-1858), ocorrida em 21 de novembro de 1840. Tinha nesta época 31 anos de idade e o Mestre ainda vivia em Paris, pois partiu para os Altos Planos em 2 de julho de 1843, contribuindo com Kardec na codificação do Livro dos Espíritos.
Filho de ricos comerciantes de seda de Lyon, em 1833, Benoît Müre foi acometido de tuberculose, e salvo pelo médico homeopata Conde Sebastien Des Guidi (1769 – 1863), discípulo de Samuel Hahnemann, o primeiro homeopata da França e introdutor da homeopatia em Lyon.
Após a cura, dedicou-se ao estudo da homeopatia, formando-se em Montpellier, uma escola de medicina de tradição vitalista. Teve contato com Hahnemann em Paris e com ele manteve correspondência.
Mure trabalhou intensamente na difusão da homeopatia na Europa. Em Paris, fundou um dispensário, onde, com seus colaboradores, chegou a atender mais de mil pacientes por semana. Aderiu ao movimento fourierista e decidiu vir para o Brasil a fim de implantar um projeto de colonização de acordo com o ideário de Fourier.
No ano seguinte, tentou implantar um projeto do Falanstério do Saí. Após ter recebido licença do governo imperial e ter escolhido o local para a colônia, Mure partiu, em 22 de dezembro, com cem famílias, a bordo do navio Caroline para colonizar a península do Saí, na divisa do Paraná com Santa Catarina, no encontro dos rios São Francisco e rio Saí. Ali chegou a organizar a Escola Suplementar de Medicina e Instituto Homeopático de Saí, em 1842, destinado a ensinar a homeopatia a médicos já diplomados.
Fracassado o seu projeto, Dr. Bento Mure como ficou conhecido aqui, instalou-se no Rio de Janeiro, no bairro da Lapa, onde começou a clinicar e a difundir esse sistema terapêutico.
Fundou o Instituto Homeopático do Brasil, em 1843, do qual foi presidente até 1848. Por ter o IHB se originado do primeiro Instituto de Homeopatia fundado no Brasil, Bento Mure postumamente recebeu o título de Presidente Perpétuo do IHB. Com João Vicente Martins, médico português naturalizado brasileiro, diplomado cirurgião pela Real Escola de Cirurgia de Lisboa , criou mais 26 locais de assistência ambulatorial no Rio de Janeiro, apesar de sofrer ataques da Academia Imperial de Medicina, que o acusava de charlatanismo.
Na época, eram principalmente os médicos homeopatas que atendiam à população carente e aos escravizados.
Em 13 de abril de 1848, Mure regressou à Europa. Casou-se com Sophie Lemaire, homeopata experiente e reconhecida. O casal viveu no Cairo, no Sudão e depois em Gênova, onde abriu um ambulatório e também ensinava a prática da homeopatia a leigos.
Em 1854, durante uma epidemia de cólera na cidade, Sophie e Benoît dedicaram-se ao tratamento dos doentes com grande sucesso. Entretanto, o governo não reconheceu seus esforços e seus alunos foram processados por exercício ilegal da medicina.
O casal decide então voltar para o Egito, onde Mure passou os últimos dois anos de sua vida, ainda dedicado ao ensino da homeopatia para leigos. Ali faleceu, aos 48 anos, aparentemente em consequência dos ferimentos que recebera durante um atentado. Depois de sua morte, em 1858, Sophie permaneceu mais dois anos no Cairo, atendendo doentes, retornando à França em 1860.
Fica aqui a homenagem do IHB com o breve relato da história desse grande homeopata, abnegado, idealista e visionário, que trouxe a homeopatia para o novo mundo, onde particularmente no Brasil, vive e floresce a cada ano que passa!
VIVA BENTO MURE! VIVA O IHB! HOMEOPATIA É VIDA!
Lendo a vida de Bento Mure, não podemos deixar de admirar a resiliência e o idealismo deste ser que teve todos os seus projetos fracassados, desde a colônia societária, sendo preso aqui no Brasil por charlatanismo, não tendo seus esforços e sucessos reconhecidos no tratamento da cólera e seus alunos processados, forçado a abdicar de ensinar aos médicos, mas passando seu conhecimento aos leigos, sofrendo atentado no Cairo e no fim falecendo ainda na força da idade em consequência dos ferimentos recebidos.
Que nos sirva de exemplo pela sua coragem, conforto nas tribulações que temos sofrido nestes tempos e inspiração para continuarmos nosso trabalho, sabendo que estamos construindo para o futuro e que nada terá sido em vão.
Nos Planos mais Altos está colhendo a glória e o reconhecimento que não teve nesta passagem pelo mundo material.
GRATIDÃO ETERNA AO PRESIDENTE PERPÉTUO DO IHB
Profa. Dra. Ana Teresa Dreux
Presidente do Instituto Hahnemanniano do Brasil
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